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lunes, 10 de noviembre de 2014

Mujeres que también escribieron










A bailarina
  
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.


Humildade

Tanto que fazer!
livros que não se lêem, cartas que não se escrevem,
línguas que não se aprendem,
amor que não se dá,
tudo quanto se esquece.

Amigos entre adeuses,
crianças chorando na tempestade,
cidadãos assinando papéis, papéis, papéis...
até o fim do mundo assinando papéis.

E os pássaros detrás de grades de chuva.
E os mortos em redoma de cânfora.

(E uma canção tão bela!)

Tanto que fazer!
E fizemos apenas isto.
E nunca soubemos quem éramos,
nem pra quê.


Cántico VIII

Não digas: “O mundo é belo”
Quando foi que viste o mundo?
Não digas: “O amor é triste”.
Que é que tu conheces do amor?
Não digas: “A vida é rápida”.
Como foi que mediste a vida?
Não digas: “Eu sofro”.
Que é que dentro de ti és tu?
Que foi que te ensinaram
Que era sofrer?
                                                                                                          Cecilia Meireles