Mar portugués
"Ó mar salgado, quanto do teu
sal
são lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães
choraram,
quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo
deu,
mas nele é que espelhou o céu.
Autopsicografía
O poeta é um
fingidor.
Finge tão
completamente
que chega a fingir
que é dor
a dor que deveras
sente.
E os que lêem o que
escreve,
na dor lida sentem
bem,
não as duas que ele
teve,
mas só a que eles
não têm.
E assim nas calhas
de roda
gira, a entreter a
razão,
esse comboio de
corda
que se chama
coração.
Marcapaginasporuntubo dedica esta entrada a Mª Luisa